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Amazônia Resistência

Comunidade Borari e moradores de Alter do Chão protestam em defesa da Escola da Floresta

O Ibama embargou a obra e multou a construtora Lima Empreendimentos em R$ 140 mil, além de exigir a demolição de um muro erguido sem autorização

11/11/2024 10h57
Por: Redação / Blog QP
Comunidade Borari e moradores de Alter do Chão protestam em defesa da Escola da Floresta

Na manhã desta segunda-feira (11), moradores e lideranças da aldeia Borari bloquearam a PA-457, estrada que dá acesso à vila de Alter do Chão, em Santarém, oeste do Pará. O protesto pacífico é uma resposta às recentes atividades de construção e desmatamento no terreno onde por décadas funcionou a Escola da Floresta, espaço reconhecido nacionalmente pela educação ambiental voltada a crianças e adolescentes da rede pública.

Desmatamento e construção Irregular - No último dia 31 de outubro, moradores flagraram um trator desmatando uma área de vegetação nativa à margem do Lago Verde. Fiscais do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram acionados, e no dia 1º de novembro abordaram os responsáveis, que não apresentaram nenhuma licença ambiental para a obra em andamento. A área, situada em uma Área de Proteção Ambiental (APA), foi recentemente adquirida por um grupo empresarial que deu início à construção de um condomínio de luxo, além de um resort projetado para o local.

O Ibama embargou a obra e multou a construtora Lima Empreendimentos em R$ 140 mil, além de exigir a demolição de um muro erguido sem autorização. A construtora, representada pelo advogado José Maria Lima, foi notificada oficialmente para interromper toda e qualquer atividade no terreno.

Luta pela preservação - A manifestação desta segunda-feira também expressa a indignação da comunidade Borari e dos moradores de Alter do Chão com a venda e o desmatamento do terreno da Escola da Floresta, que além de estar dentro de uma APA, abriga árvores consideradas sagradas, como o "Caraipezeiro". A derrubada dessa árvore centenária causou revolta entre os Borari, para os quais a destruição representa uma tentativa de apagar a história e o patrimônio cultural e ambiental dos povos amazônicos.

“A escola e a floresta são símbolos da nossa identidade e da nossa relação com a natureza. Alter do Chão é nossa casa e, para nós, um santuário sagrado. Precisamos que o poder público proteja isso,” declarou um representante da aldeia Borari.

Histórico de irregularidades - Além das recentes atividades em Alter do Chão, a construtora responsável, Machado Lima, acumula um histórico de construções questionadas na região. Em 2020, a Associação de Moradores e Amigos do Bairro Carauari protocolou uma Ação Civil Pública contra a construtora por irregularidades no licenciamento do prédio “Chão de Estrelas”, erguido no Lago Verde. Em outra ocasião, a empresa também foi alvo de denúncias por problemas relacionados à construção do posto de combustível “Pérola do Tapajós”, localizado na mesma estrada.

Futuro da Escola da Floresta - O ato desta segunda-feira se estenderá até que o Ministério Público responda às demandas da população. A comunidade Borari e os moradores de Alter do Chão exigem que as autoridades intervenham para garantir a proteção da área, a preservação das árvores sagradas e o retorno do terreno ao uso comunitário e educacional, com a restauração da Escola da Floresta.

Além disso, a população pede que o processo de venda e ocupação de áreas de proteção ambiental seja revisto, para que se respeite a legislação vigente e os direitos das comunidades locais.

A manifestação desta segunda-feira simboliza a luta contínua dos povos tradicionais e da população de Alter do Chão em defesa do meio ambiente e do patrimônio cultural. Para os manifestantes, a proteção da Escola da Floresta é uma causa que transcende a luta local, representando o direito dos povos amazônicos a preservar sua história, cultura e a própria floresta.

A resposta do Ministério Público e das autoridades ambientais é esperada com urgência, visto que o conflito sobre a ocupação da APA em Alter do Chão expõe a necessidade de maior vigilância e ação para evitar a destruição de áreas que representam a essência da identidade amazônica.

 

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